Nós normalizamos o mal

Nós normalizamos o mal.

É falta de interpretação.
É exagero da parte da militância.
É só uma maneira de se expressar.
É só a minha opinião.
É só falta de quem ensine.
É uma brincadeira.
Tá tudo fora de contexto!

É meu trabalho!
É jornalismo.
É minha religião.
Ela que é o problema.
Ele que não se encaixa no que eu considero como digno de respeito.

Nós normalizamos o mal usando desculpas.

Aceitando desculpas.

Inventando desculpas.

Nós normalizamos o mal ao não responsabilizar.

Ao não dar consequências que sejam da mesma altura que o “crime” (na maior parte das vezes a aspa não é nem necessária porque é literalmente crime).

Nós normalizamos o mal ao retuitar, ao comentar, ao dar like ao colocar nos trending topics a dor do outro por puro prazer no sofrimento alheio.

Porque EU acredito assim.

Abandonou um incapaz.
Tá militando demais num espaço predominantemente branco.
Não quis se encaixar nos protocolos arcaicos.
Ela mentiu sobre querer se matar.
Ele é um personagem.

Nós normalizamos o mal quando achamos que as coisas nem são tão más assim.

É só uma fofoca.
É só uma brincadeira.
É só um comentário impensado.
É só um tweet.
É só…

E é assim que a gente normaliza o mal.

Se transformando no mal.


Então Davi encheu-se de ira contra o homem e disse a Natã: “Juro pelo nome do Senhor que o homem que fez isso merece a morte! “Você é esse homem!”, disse Natã a Davi.

2 Samuel 12:5-7

Ana Gabriela

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