A palavra para o BBB 2021 não é cancelamento, é invalidação.
Desde o primeiro dia de programa nós, telespectadores, estamos financiando uma edição que está invalidando coisas que NECESSITAM ser validadas, tanto dentro quanto fora do jogo.
Tivemos a invalidação de emoções, sentimentos, verdades pessoais, militâncias, desconstruções, tudo em nome de um “jogo” e a maioria delas, ao serem invalidadas, deixam uma mensagem prejudicial aqui fora: “se numa casa com câmeras ligadas 24h ninguém é responsabilizado (porque teoricamente, é um jogo e quem elimina é o público), então quais as chances de ter responsabilidade no mundo real?”
E isso abre mais precedentes.
O BBB não é apenas um jogo, ele é um experimento social, com regras simulando leis, que tem um chefe, e que tem pessoas… Tudo o que acontece lá, é um espelho de aumento para a realidade. A escolha de Boninho de colocar artistas lá foram uma maneira de despertar o olhar do telespectador, e se fulano de tal que tem uma imagem tão bonita como artista se revelar péssimo lá dentro?
Ninguém aguenta ser um personagem por 100 dias com câmeras 24/7, é daí que vem tantas decepções nessa edição com nomes grandes do entretenimento brasileiro.
O que acontece com Juliette, Lucas e Gil lá dentro, xenofobia, homofobia a racismo e abuso psicológico acontece aqui fora… Os três contaram suas experiências do “mundo real” que foram invalidadas, ou pela falta de escuta, ou “pelo jogo”. Nós ouvimos termos psicofóbicos, vimos invalidação de emoções, gatilhos, e dedos apontados vindos de uma psicóloga. Vimos a invalidação da cor preta de alguém, vinda de um preto. Ouvimos um homem preto apontar que outro homem preto seria assediador enquanto ele também dizia que não poderia compartilhar uma cama com uma menina para não se masturbar do lado dela. Ouvimos “ela é louca” vindo de uma mulher para invalidar outra pelo “jogo”. O que eu mais vi nesse programa até agora foi projeção. Pessoas que não lidam com si e invalidam quem sabe quem é. Dentro e fora do jogo que é o BBB. Tudo pela manutenção da imagem de alguém, a criação de um “inimigo”, dos “ameaçadores”, os “problemas”.
Eu vi a hipocrisia das apresentações tão bonitas, de acolhimento, de “vamos cancelar o cancelamento!!!” que ruíram com dois dias de programa. E essa hipocrisia tá em mim e em você aqui fora.
Lucas aguentou inúmeras coisas na casa, um pedido de desculpas que durou 15 dias, um pedido de desculpas que veio com mudança de comportamento e muita humilhação, de ser obrigado a sair da mesa para a “mamacita” comer, de apontadas de dedo de pessoas pequenas, de ser excluído, ser rejeitado, ser eliminado antes mesmo de pedir para sair.
Invalidação não é aceitável.
No Big Brother foi o Lucas não ter aguentado mais e pedido para sair, mas a invalidação não elimina só de jogos, pode eliminar a vontade de viver de alguém e nem tudo é um jogo, nem dentro da casa mais vigiada do país.
A palavra do BBB? Invalidação. Falta de responsabilização de si e dos outros. Se esse tipo de conteúdo conseguiu virar entretenimento é porque naturalizamos aqui fora.
Que tristeza.

Esse é sem dúvida o melhor texto que li hoje, e que talvez vá ler, é isso sabe? INVALIDAÇÃO, invalidar a vivencia do outro para fazer valar a sua, ser seletivo quando te convém, apontar no outro erros que vem de você, rir, debochar mas não acolher, não instruir, cancelar ao invés de ensinar e isso está muito aqui fora, parece que é mais fácil sentar no rabo e ver o do lado ser humilhado do que colocar a cara a tapa e se expor. Concordo e muito de que se isso virou entretenimento foi porque normalizamos aqui fora, cso contrário isso não estaria acontecendo, me deixa com raiva e ao mesmo tempo triste ver esse tipo de situação em pleno 2021, onde muitos usam de sua condição para se engrandecer e pisar nos outros, para sair como o sensato e o injustiçado.
Gostei muito do texto de verdade e já compartilhei em todos os lugares, pois todos precisam ler.