A existência, a Palavra e a música de John Mayer


Quem me conhece sabe que eu sou fã de muitas coisas e pessoas. E também sabe que eu encontro um jeito de mesclar a Palavra com o que eu gosto. O texto de hoje é sobre isso.

Tive uma conversa sobre como eu não tenho disciplina pra aprender a tocar instrumento, mas que se eu tô muito afim, eu tento um pouco mais e sai alguma coisa no violão. Uma das poucas músicas que me fizeram ter esse tipo de esforço foi I Guess I Just Feel Like do John Mayer. Ao longo dos trechos, nós vamos observar que ela fala sobre uma crise existencial, sobre desistir, fracassar e mesmo assim, dar um jeito de continuar. E eu me lembrei de dois personagens bíblicos, que por coincidência ou não, são pai e filho: Davi e Salomão.

“Eu acho que sinto que

Ninguém é honesto

Ninguém é verdadeiro

Todos estão mentindo

Para se tornarem completos

Eu acho que sinto que

Eu também sou assim”

Nesse trecho, John Mayer fala sobre a falta de honestidade e eu não sei pra você, mas na minha opinião, dá a sensação de enganação, de farsa e tudo pra chegar a um objetivo que provavelmente é vazio demais. E muitas vezes, a desonestidade é descoberta e causa muito mais dor do que se a verdade tivesse sido escancarada. Mas a parte mais interessante é que o trecho cita uma quase hipocrisia da parte de todos nós, a gente também faz isso. Nós sentimos a mesma coisa. Que fingimos para pertencer, pra ser “completos” por conta de comparações, ou seja qual for a motivação.

Existem vários trechos bíblicos que falam explicitamente sobre a desonestidade e como ela é prejudicial para os relacionamentos, seja emocional, financeiro, empregatício. Lá em Provérbios 28:23, Salomão diz o seguinte:

No fim, as pessoas apreciam a crítica honesta muito mais que a bajulação.

A desonestidade pode ter um ganho temporário, não entrar em algum tipo de conflito, esconder alguma coisa, evitar situações que não deveriam ser evitadas, mas o preço por ela é alto. Existem comparações em Provérbios que dizem que a falta de honestidade é como uma ferida de espada. Então, é melhor ser verdadeiro – com zelo – do que viver de bajulação e mentira. Deus merece nossa honestidade, e Ele sempre vê, mesmo quando não contamos a história verdadeira.

Tu, porém, desejas a verdade no íntimo e no coração me mostras a sabedoria.

Salmos 51:6

“Eu acho que sinto que

As coisas boas foram embora

E que o peso das minhas preocupações

É demais para assumir

Eu acho que me lembro

Desse sonho que eu tinha

De que o amor iria nos salvar

De um mundo que enlouqueceu

Eu acho que me pergunto

O que aconteceu com aquilo?”

Nesse trecho, Mayer traz um sentimento que provavelmente todo mundo já teve: eu não aguento mais. Nós lembramos de uma promessa de que tudo vai ficar bem, mas sem ter nenhuma evidência disso. As preocupações, as dores de existir, a esperança que tínhamos e há algum tempo não sentimos mais porque parece algo distante sem o apoio necessário para continuar insistindo.

Quando vivemos baseados em uma realidade idealizada, falamos e existimos nisso. Enquanto o resto do mundo fala e existe em outro lugar. Nós ficamos presos a algo irreal e não fazemos nada pela realidade. Sonhamos o que desejamos, nos preocupamos com o que é inútil e não entendemos nada do que acontece de verdade. Falamos demais sobre o não essencial sem nenhum tipo de ação sobre o essencial. Enquanto isso, o mundo perece aguardando a manifestação dos Filhos, querendo saber onde está o Amor Salvífico que ajuda a sustentar o peso da existência em um mundo mal.

“Eu acho que sinto que

A piada está ficando velha

O futuro está desaparecendo

E o passado está em espera”

Mais uma vez, o vazio é citado. Nada muda, nada melhora, nada evolui. O passado continua ali atormentando o presente e o futuro parece cada vez mais impossível. O sentimento de injustiça preenche o ser que se vê enclausurado pela realidade sem um ponto de ancoragem, sem companheirismo.

A esperança adiada faz o coração ficar doente, mas o sonho realizado é árvore de vida.

Provérbios 13:12

Mas eu sei que estou aberto

Eu sei que sou livre

Eu sempre deixarei a esperança entrar

Onde quer que eu esteja

E se eu ficar cego, ainda encontrarei meu caminho

Guia-me pela tua verdade e ensina-me, pois és o Deus que me salva; em ti ponho minha esperança todo o dia.

Salmos 25:5

E mesmo com tudo que já foi citado, a dor e as faltas da existência humana, John Mayer faz uma decisão de continuar. De ainda ter o coração aberto para a esperança. E essa parece ser uma atitude de alguém que tem Deus em si. Não significa que não vamos ter dias extremamente difíceis e acredite, nós temos, dentro e fora dos templos religiosos. Mas a nossa fé é como a frase “Se eu ficar cego, ainda encontrarei o meu caminho” porque a fé vai direcionar os passos, mesmo amedrontados, para o lugar correto.

“Tempo de procurar e tempo de desistir, tempo de guardar e tempo de jogar fora.”

Eclesiastes 3:6

Eu acho que só quis

Desistir por hoje

E às vezes, nós vamos precisar desistir, de algum lugar, de alguma pessoa, de uma posição, de um espaço, de algum desejo nosso pra caminhar pela fé. Às vezes é necessário deixar ir.

Confie no Senhor de todo o coração; não dependa de seu próprio entendimento.

Provérbios 3:5

Em Eclesiastes, vemos Salomão dizer como nada faz sentido nessa terra, mas que há tempo para tudo aqui. Aproveite a vida, busque ao Senhor, viva na realidade – mesmo que ela seja difícil – e saiba que nem tudo é cor de rosa, mas que a nossa esperança está em algo Além. E Deus sempre envia alguém pra colaborar com sua caminhada. Viva pela fé!

Ana Gabriela

Um comentário em “A existência, a Palavra e a música de John Mayer

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Voltar ao topo